Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:
Na noite desta quinta-feira (8), diversos bairros de Morro da Fumaça foram tomados por uma densa fumaça, gerando desconforto respiratório, irritação nos olhos e preocupação entre os moradores. A origem ainda não foi oficialmente identificada, mas suspeita-se de queimadas irregulares na região.
Desde as 19h de quinta-feira, 8 de maio, os moradores de Morro da Fumaça, no Sul de Santa Catarina, enfrentaram uma noite atípica. Diversos relatos de bairros como Linha Frasson, Centro, Naspolini e Graziela indicam a presença de uma fumaça densa no ar, com odor forte e persistente. A situação causou irritação nos olhos, nariz e garganta, além de angústia entre crianças e idosos, mais vulneráveis a esse tipo de poluição.
“Uma catinga insuportável de fogo tomou conta da rua. Estava difícil até de respirar dentro de casa”, relatou um morador do Bairro Linha Frasson. Já uma moradora do centro da cidade disse ter ficado assustada ao ver a rua encoberta pela névoa: “A gente achou que tinha algo pegando fogo aqui perto de casa.”
A Fundação do Meio Ambiente de Morro da Fumaça (Fumaf) e o Corpo de Bombeiros foram acionados, mas até o fechamento desta matéria informaram que não houve registro de ocorrências oficiais relacionadas à fumaça. A falta de confirmação alimentou a suspeita de queimadas ilegais ou incêndios não comunicados em áreas rurais próximas.
Embora não haja confirmação oficial, moradores especulam que a origem da fumaça pode estar relacionada à prática de queimadas para limpeza de terrenos ou descarte de resíduos agrícolas – prática comum, porém ilegal, sem autorização ambiental.
A exposição à fumaça, especialmente durante a noite, representa sérios riscos à saúde. Segundo a médica pneumologista Dra. Carolina Silva, “a inalação de partículas finas presentes na fumaça pode agravar quadros respiratórios como asma, bronquite e rinite. Crianças, idosos e pessoas com comorbidades são os mais afetados.”
Ela ainda alerta que, mesmo em exposições pontuais, o incômodo respiratório pode persistir por horas ou até dias, dependendo da intensidade da fumaça e das condições atmosféricas, como vento e umidade.
A prática de queimadas é proibida por legislação ambiental e considerada crime, conforme o artigo 54 da Lei de Crimes Ambientais (nº 9.605/98), que prevê pena de reclusão de um a quatro anos, além de multa, a quem causar poluição que possa resultar em danos à saúde humana.
Em Morro da Fumaça, a responsabilidade pela fiscalização recai sobre a Fumaf e os órgãos estaduais, como o Instituto do Meio Ambiente (IMA), além do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar Ambiental. A ausência de denúncias formais pode dificultar a identificação dos responsáveis.
A recorrência de episódios como esse demonstra a fragilidade das ações de monitoramento e prevenção. Apesar de haver legislações claras contra queimadas, a efetiva fiscalização em áreas periurbanas e rurais ainda é um desafio enfrentado por muitos municípios de pequeno e médio porte.
Além disso, muitos moradores ainda desconhecem os meios corretos para denunciar ou relatar ocorrências ambientais. Campanhas educativas e mecanismos acessíveis de denúncia podem auxiliar na rápida identificação de focos de incêndio e na responsabilização dos autores.
Se a prática de queimadas ilegais não for contida, a cidade pode enfrentar consequências ambientais mais graves, como empobrecimento do solo, destruição da fauna local, piora da qualidade do ar e aumento dos casos de doenças respiratórias. Em períodos mais secos, o risco de incêndios descontrolados também cresce significativamente.
O episódio registrado na noite de quinta-feira em Morro da Fumaça revela a necessidade de maior atenção às práticas ambientais e ao bem-estar da população. A fumaça que invadiu bairros e gerou desconforto não pode ser tratada como um evento isolado ou de menor importância. É necessário fortalecer os canais de denúncia, intensificar a fiscalização e promover a conscientização da população sobre os riscos das queimadas ilegais.
O meio ambiente é um patrimônio coletivo, e sua preservação exige responsabilidade de todos — cidadãos, gestores públicos e instituições. Quem presencia crimes ambientais deve denunciar. Assim, é possível garantir cidades mais seguras, saudáveis e sustentáveis.