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Um caso raro envolvendo a fauna silvestre chamou a atenção de moradores e ambientalistas em Jaguaruna, no sul de Santa Catarina. Um Bugio-Ruivo, espécie ameaçada e típica de matas fechadas, foi encontrado ferido após sofrer uma descarga elétrica em um poste. O resgate mobilizou a Polícia Militar Ambiental e uma equipe especializada da Unisul, que agora acompanha o tratamento do animal.
No final da tarde desta segunda-feira (05), moradores do Balneário Copa 70, em Jaguaruna, avistaram um Bugio-Ruivo (Alouatta guariba) caído próximo a um poste de energia elétrica. O animal aparentava estar desorientado e com sinais de queimaduras. Imediatamente, a Polícia Militar Ambiental de Laguna foi acionada para realizar o resgate e prestar socorro à espécie silvestre.
O Bugio-Ruivo foi encaminhado ao Centro de Pesquisas e Triagem de Animais Silvestres (Ceptas), localizado no campus da Unisul, em Tubarão. A equipe veterinária especializada iniciou os primeiros atendimentos ainda na noite de segunda-feira.
Segundo nota publicada pelo Ceptas nas redes sociais, o rápido atendimento foi fundamental para salvar o animal. “Graças ao pronto acionamento da comunidade local e à atuação eficiente da Polícia Militar Ambiental, conseguimos atender o bugio a tempo. Agora, ele está sob cuidados médicos e sendo monitorado por nossa equipe”, informou o centro.
Imagens divulgadas mostram o animal visivelmente ferido, mas consciente. O tratamento envolve curativos, hidratação, medicação para dor e monitoramento contínuo.
O Bugio-Ruivo é um primata de médio porte, caracterizado por sua pelagem avermelhada e hábitos de vida em florestas densas. Ele é conhecido por seus altos gritos, que podem ser ouvidos a quilômetros de distância. A espécie está listada como “vulnerável” na lista da IUCN e sofre com a perda de habitat, atropelamentos e, como neste caso, acidentes com a rede elétrica.
O coordenador do Ceptas, Rodrigo Ávila Mendonça, ressaltou que o aparecimento do Bugio em uma região litorânea é incomum. “Esses animais vivem em florestas fechadas e raramente se deslocam para áreas abertas como as praias. Provavelmente ele se perdeu do grupo ou foi forçado a se deslocar devido à fragmentação de seu habitat”, explicou Mendonça.
Especialistas avaliam que o animal pode ter utilizado a fiação elétrica para tentar se locomover entre áreas verdes isoladas, o que acabou resultando no acidente. Infelizmente, esse tipo de situação tem se tornado mais frequente, especialmente em regiões que sofrem com o avanço urbano desordenado.
Após o tratamento inicial em Tubarão, a previsão é que o animal seja transferido para o Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetas), em Florianópolis. Lá, ele passará por um período de readaptação até que possa ser reintroduzido em um ambiente florestal seguro e adequado à sua espécie.
“A prioridade é garantir a recuperação total do bugio. Depois, com a autorização dos órgãos ambientais, será feita a soltura em uma área de mata preservada”, destacou o coordenador do Ceptas.
O caso do Bugio-Ruivo em Jaguaruna acende um alerta sobre a necessidade de proteger os corredores ecológicos e evitar o isolamento de espécies. O avanço das cidades sobre áreas de floresta compromete diretamente a sobrevivência de animais silvestres.
A Polícia Militar Ambiental e os centros de triagem reforçam que, ao avistar animais em risco ou fora de seu habitat natural, a população deve acionar imediatamente as autoridades, evitando qualquer tentativa de manuseio direto, que pode causar mais estresse e ferimentos aos animais.
O resgate do Bugio-Ruivo em Jaguaruna é mais do que um episódio isolado: é um retrato da fragilidade de nossa biodiversidade diante da expansão urbana. Casos como este reforçam a importância de políticas públicas voltadas à conservação da fauna e à proteção dos ecossistemas naturais.
Graças à ação rápida da Polícia Ambiental e ao trabalho técnico da Unisul, o bugio tem agora uma nova chance. Que este acontecimento sirva de alerta e inspiração para o cuidado coletivo com os animais silvestres que compartilham o território conosco.