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Uma madrugada de mar agitado causou estragos na infraestrutura de Jaguaruna, no Sul de Santa Catarina. O avanço da maré, potencializado por uma forte ressaca, provocou o desmoronamento parcial da cabeceira da ponte do Camacho, importante acesso à região da Barra do Camacho. A situação acende um alerta sobre a vulnerabilidade das estruturas costeiras diante de fenômenos naturais intensificados pelas mudanças climáticas.
A madrugada desta quinta-feira (22) foi marcada por um evento preocupante em Jaguaruna. A forte maré alta que atingiu a costa do município causou a erosão de parte da estrada na região da Barra do Camacho, derrubando a cabeceira da ponte que liga comunidades locais e serve como passagem estratégica para moradores, pescadores e turistas.
Imagens registradas por moradores e compartilhadas nas redes sociais mostram o barranco desmoronando e a estrutura da cabeceira cedendo gradualmente. A cena impressiona e revela a intensidade com que o mar avançou sobre a faixa de terra, em um fenômeno que, embora recorrente em épocas de ressaca, desta vez atingiu níveis acima do esperado.
Com a queda da cabeceira, o tráfego na região foi imediatamente interrompido. A ponte é um dos principais acessos à Barra do Camacho, área conhecida pela atividade pesqueira e pelo turismo de natureza. A interrupção afeta diretamente a mobilidade dos moradores e o funcionamento de atividades comerciais locais.
A Defesa Civil e a equipe de infraestrutura da Prefeitura de Jaguaruna foram acionadas ainda durante a madrugada. Técnicos estiveram no local nas primeiras horas da manhã desta quinta-feira para avaliar os danos e decidir as medidas emergenciais a serem tomadas. O local foi isolado para garantir a segurança de pedestres e condutores.
De acordo com o coordenador municipal da Defesa Civil, o primeiro passo foi sinalizar a área e impedir o trânsito sobre a ponte. “A estrutura ficou seriamente comprometida, e ainda há risco de novos deslizamentos. Pedimos que a população evite transitar pela região até que uma avaliação completa seja feita”, afirmou em entrevista à imprensa local.
O fenômeno que causou o colapso da cabeceira da ponte está diretamente relacionado à erosão costeira, um processo natural agravado por mudanças no clima e pelo impacto humano nas zonas litorâneas. A ressaca da madrugada desta quinta-feira foi causada por ventos intensos associados a um sistema de baixa pressão sobre o litoral catarinense.
Segundo meteorologistas da Epagri/Ciram, órgão responsável pelo monitoramento ambiental de Santa Catarina, as marés estavam previstas para atingir níveis elevados, com ondas que ultrapassaram os 2,5 metros de altura na costa Sul do estado. A combinação de maré cheia com vento forte acelerou a erosão das margens da estrada que dá acesso à ponte.
Esta não é a primeira vez que a região da Barra do Camacho sofre com os efeitos da erosão e da maré alta. Em anos anteriores, o avanço do mar já havia danificado estradas, comprometido áreas de lazer e afetado diretamente a comunidade pesqueira. Moradores relatam que os eventos têm sido mais frequentes e intensos nos últimos anos.
“Moro aqui há mais de 20 anos e nunca vi o mar levar tanto de uma vez só. Já tivemos ressacas antes, mas dessa vez a força da água foi demais”, disse um pescador local que presenciou o desmoronamento da cabeceira.
A prefeitura de Jaguaruna ainda não divulgou um prazo para a liberação da via. No entanto, informou que trabalha em conjunto com engenheiros e a Defesa Civil para elaborar um plano de contenção da erosão e reconstrução da estrutura. A prioridade neste momento é garantir a segurança da população e avaliar a viabilidade de um desvio provisório para acesso à região afetada.
“Estamos diante de um evento natural que requer uma resposta técnica e rápida. Precisamos não apenas reparar os danos, mas também pensar em soluções de longo prazo para mitigar esse tipo de impacto”, afirmou o secretário de Obras do município.
Enquanto não há liberação do tráfego na ponte, os moradores devem utilizar rotas alternativas, embora estas sejam mais longas e menos práticas. A Prefeitura informou que vai reforçar a sinalização e orientar os motoristas sobre os desvios disponíveis, além de disponibilizar veículos de apoio para casos de emergência.
O episódio evidencia a fragilidade da infraestrutura em áreas costeiras e a necessidade urgente de planejamento urbano voltado à resiliência climática. Estruturas como pontes, passarelas e vias próximas ao mar precisam ser projetadas com base em estudos geotécnicos e ambientais que levem em conta a ação das marés e a possibilidade de ressacas severas.
Especialistas alertam que eventos como esse tendem a se tornar mais comuns com o avanço das mudanças climáticas. A elevação do nível do mar, combinada com fenômenos meteorológicos extremos, representa um desafio crescente para cidades litorâneas como Jaguaruna.
Algumas cidades do litoral catarinense já implementaram projetos de contenção costeira com o uso de pedras, enrocamentos, estruturas de concreto e vegetação de restinga para frear o avanço do mar. Em Jaguaruna, moradores cobram a aplicação de medidas semelhantes, especialmente em áreas vulneráveis como a da ponte do Camacho.
O colapso da cabeceira da ponte do Camacho é mais do que um incidente isolado: é um reflexo das transformações que vêm ocorrendo nas zonas costeiras e da urgência de preparar a infraestrutura para resistir a fenômenos extremos. A resposta rápida das autoridades foi fundamental para garantir a segurança da população, mas o desafio agora é maior: reconstruir com planejamento e visão de futuro.
Enquanto o município trabalha para restabelecer o acesso à região e mitigar os impactos, o episódio serve como alerta para outras cidades costeiras que compartilham da mesma vulnerabilidade. Investir em prevenção e adaptação climática será cada vez mais essencial para preservar vidas, atividades econômicas e o meio ambiente.